quinta-feira, 1 de dezembro de 2011



"Esquece. Não vou atrás de ninguém. Não mais. Hoje eu acordei e pensei que seria melhor não, eu não quero me apegar a ninguém, não quero precisar de ninguém. Quero seguir livre, entende? Mesmo que isso me faça falta, alguém pra me prender um pouquinho. Vou me esquivar de todo sentimento bom que eu venha a sentir, não levar nada a sério mesmo. Ficar perto, abraçar de vez em quando, sentir saudade, gostar um pouquinho. Mas amar não, amar nunca, amar não serve pra mim. Prefiro assim."


Caio Fernando Abreu

terça-feira, 22 de novembro de 2011

"Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes.

Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia.

Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade!

Eu começo a ler sobre política, futebol, ficção científica.

Aprendo a pescar, se precisar.

Mas você tem que remar também.

Eu desisto fácil, você sabe.

E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir.

Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia.

Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo.

Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir.

Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto.

Eu te ensino a nadar, juro!

Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças!

Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena.

Que por você vale a pena.

Que por nós vale a pena.

Remar. Re-amar. Amar."


Caio Fernando Abreu
"Não me dê palavras de consolo e muito menos justificativas que amenizem a sua incompetência de amar e reconhecer o amor, eu não preciso disso. Quero atitudes, quero ser surpreendida e não mais com decepções, com alegrias. Acredite, ando reconhecendo seu esforço, principalmente aquele que se destaca e é quando você quer despedaçar meu coração em mil pedaços. Não quero mais olhar pra você e ver alguém que me dá o pior de si, não foi isso que eu conheci. Não quero me contentar com migalhas, eu quero o meu, quero mais que o meu, quero sim poder esperar alguma coisa de alguém porque todo ser humano é assim... Quero me sentir segura e não olhar cada passo seu nas entrelinhas, imaginando o que pode estar por trás de tudo o que você é ou diz ser... Eu quero companhia, consolo, carinho, quero receber também, é pecado? Quero ouvir o telefone tocar, torcer pra ser você e quando isso acontecer, meu coração disparar de alegria, e não de receio? Receio por que? Não sei... Mas já faz tempo que eu não sei de muita coisa..."



Jamile Grimm


"Algo sempre nos falta — o que chamamos de Deus, o que chamamos de amor, saúde, dinheiro, esperança ou paz. Sentir sede, faz parte. E atormenta."
Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 28 de março de 2011

Trecho de "O caçador de pipas" [2]

"Existe apenas um pecado, um só. E esse pecado é roubar. Qualquer outro é simplesmente uma variação do roubo. — Quando você mata um homem, está roubando uma vida — disse baba. — Está roubando da esposa o direito de ter um marido, roubando dos filhos um pai. Quando mente, está roubando de alguém o direito de saber a verdade. Quando trapaceia, está roubando o direito à justiça. — Não há ato mais infame do que roubar, Amir — prosseguiu ele. — Um homem que se apropria do que não é seu, seja uma vida ou uma fatia de naan... Cuspo nesse homem..."

Khaled Hosseini

Trecho de "O caçador de pipas"


"- Quanto tempo demora? - perguntou ele. - Não sei. Um pouco. Sohrab deu de ombros e voltou a sorrir, desta vez era um sorriso mais largo. - Não tem importância. Posso esperar. É que nem maçã ácida. - Maçã ácida? - Um dia, quando eu era bem pequenininho mesmo, trepei em uma árvore e comi uma daquelas maçãs verdes, ácidas. Minha barriga inchou e ficou dura feito um tambor. Doeu à beça. A mãe disse que, se eu tivesse esperado as maçãs amadurecerem, não teria ficado doente. Agora, quando quero alguma coisa de verdade tento lembrar do que ela disse sobre as maçãs."


Khaled Hosseini

sábado, 1 de janeiro de 2011

Depois de algum tempo...


"Depois de algum tempo, você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.

E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la, por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.

Descobre que se levam anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.

Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos. Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser. Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto. Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve. Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.

Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.

Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha. Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.

Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama, contudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo. Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado. Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás.

Portanto... plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!"
William Sheakspeare