sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

[MENSAGEM DE FIM DE ANO] Ano novo, coração novo

"Um coração envelhecido é aquele que desistiu de amar"



Estamos acostumados aos rituais, às comemorações, às celebrações. Quando um ano se encerra e outro se inicia, celebramos o Dia da Paz, a confraternização entre os povos. Quando um novo ciclo se inicia, somos convidados a renovar algo em nós. Quem sabe, neste novo ano, possamos ter um coração novo.


O coração é a metáfora dos sentimentos, das intenções. Um coração envelhecido é aquele que desistiu de amar, que não acredita na humanidade e que, consequentemente, se fecha. E é, por isso, solitário. A solidão pela ausência do amor envelhece o coração.As desculpas para um coração envelhecido recaem nas decepções com as pessoas que amamos.


Reclamamos dos erros dos outros, lamentamos as atitudes incorretas de nossos irmãos e, assim, optamos pelo fechamento. Vivemos condenando nossa triste situação. Pais, filhos, amigos, parece que não há ninguém de valor a nosso lado. Pensamos como seria bom se eles mudassem, se eles melhorassem.


No ano que passou, vivi momentos de muita emoção. Um deles ao lado de meu querido irmão Dunga. Eu fazia uma pregação em um grupo de oração em Presidente Prudente (SP). Enquanto isso, ele compunha o refrão de uma música. A reflexão era sobre as mudanças que temos de fazer para que nosso irmão seja mais feliz. E o refrão diz exatamente isto: "Quem tem que mudar sou eu, para que você seja mais feliz".


Eu escrevi o restante da música que fala em aprendizado, em perdão, em saber ouvir, em lembrar que não há ninguém perfeito. E que talvez precisemos do tempo da boa ingenuidade de volta, do sorriso leve, dos sonhos dos primeiros encontros.


O tempo pode ser uma boa escola. Ele nos ensina a tolerância, o respeito às limitações do outro e às nossas próprias limitações, a bondade no julgar. É uma lição de vida a reflexão de Madre Teresa de Calcutá: "Quem julga as pessoas, não tem tempo para amá-las".


Às vezes, os pais exigem dos filhos algo que não podem dar. O inverso é verdadeiro. E na relação entre o casal também. Cada ser é único. E talvez grande parte dos erros não sejam intencionais.
Meu irmão, não espere que o outro mude. Mude você. Diga à pessoa que você ama: "Quem tem que mudar sou eu, para que você seja mais feliz". E, se precisar, complete com o pensamento de Madre Teresa: Não vou perder tempo julgando, quero gastar esse tempo amando.


E é esse o convite para o novo ano. A consciência de que a sua família será melhor se você for melhor. Que o seu trabalho será melhor se você for melhor. Que o mundo, esse grande coração que pulsa, será renovado se o seu coração for renovado.


Feliz ano novo, feliz coração novo.



Gabriel Chalita - Comunidade Canção Nova

[MENSAGEM DE FIM DE ANO] Somos alegres na esperança



O que você vem esperando de Deus há muito tempo? O Senhor reservou graças maravilhosas para todos nós. Feliz é você que espera em Deus, porque o Senhor está com você! Nós estamos diante de um Deus grandioso, e em Jesus podemos receber coisas grandiosas.


A Palavra de Deus nos mostra o que alcança um coração confiante: “E, partindo Jesus dali, foi para as partes de Tiro e de Sidom. E eis que uma mulher cananéia, que saíra daquelas cercanias, clamou, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim, que minha filha está miseravelmente endemoninhada. Mas ele não lhe respondeu palavra. E os seus discípulos, chegando ao pé dele, rogaram-lhe, dizendo: Despede-a, que vem gritando atrás de nós. E ele, respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. Então chegou ela, e adorou-o, dizendo: Senhor, socorre-me! Ele, porém, respondendo, disse: Não é bom pegar no pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos. E ela disse: Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores. Então respondeu Jesus, e disse-lhe: O mulher, grande é a tua fé! Seja isso feito para contigo como tu desejas. E desde aquela hora a sua filha ficou sã” (Mateus 15,21-28).


Essa mulher tinha tudo para não ficar curada, pois a promessa era feita para Israel, e ela não era desse país, mas sim da Cananeia, conhecida por ser uma cidade de prostituição, de adoradores de vários deuses e matadores de crianças, pois as ofereciam para morrer em sacrifício aos deuses. Mas essa mulher reconhece que Jesus é o Senhor. Ela tinha a esperança de que, quando se colocasse na presença de Jesus, as coisas mudariam. Você tem essa esperança?
Coloque-se diante de Jesus, revestido de esperança! Quantas pessoas vão se revestir de roupas novas, mas não adianta revestir o corpo se a alma não estiver revestida [pelo Senhor]. É preciso trazer, diante de Deus, aquilo que o angustia, assim como essa mulher fez.


Quando colocamos o nosso coração em Deus, mesmo sem merecermos a graça, alcançamos. Mas enquanto a esperamos precisamos louvar ao Senhor, pois precisamos ter corações gratos e esperançosos.


O semeador não pode parar de semear porque está cansado ou decepcionado, assim somos nós: precisamos semear, semear com lágrimas a nossa verdade. Semear é plantar no coração de Deus. Enquanto rezamos semeamos. Então semeie no coração de Deus.


E Jesus falou para aquela mulher: “Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel”. Mas aquela mulher insistiu e falou o que, para nós, é impossível, para Deus é migalha.


Quando nos colocamos em oração, precisamos ter uma fé firme, mesmo correndo o risco do ridículo, olha o que essa mulher ouviu de Jesus: “Não é bom pegar no pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos”. O Senhor estava com pessoas a Sua volta, mas a mulher, mesmo assim, se expôs e colocou a confiança diante do único que poderia salvar sua filha. Tenha você também uma fé viva e firme! Tenha uma vontade decidida de saber o que você quer diante de Deus, tenha fé! Decida e, mesmo ouvindo de Jesus o que essa mulher ouviu, tenha firmeza, porque será feito de acordo com a sua fé. Se estiver na angústia ou na alegria apega-se a Deus, espere e firme-se na fé. Não desista na demora, pois Deus vai lhe conceder a graça de que precisa no momento certo. Seja fiel a Deus, apegue-se a Jesus e saiba que Ele o ouve.


Espere no Senhor, peça e não desista! Não tenha medo de se decepcionar, só consegue o seu objetivo quem acredita e espera.Não se desespere, porque quando você está desesperado você fica amarrado. A fé é a vacina contra a desesperança. A fé é o remédio que você precisa para os eu coração.


Quando sabemos que algo vai acontecer de bom, três dias antes já nos alegramos. Ontem já me alegrei porque sabia que a campanha [do Projeto Dai-me Almas] fecharia, por isso meu coração estava em festa. E se você sabe que Deus o vai atender, você precisa se alegrar.
Tenha fé e tenha coragem! E enquanto você espera louve a Deus.


Olhe para 2010, veja as dificuldades, mas veja o quanto Deus livrou você do mal. O quanto Deus fez em sua vida.
"O Senhor é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? O SENHOR é a força da minha vida; de quem me recearei?" (Salmo 27)
Não tenha medo de lutar por aquilo em que você acredita! Quem luta vence, quem luta, com Deus, é invencível! O ano de 2011 é para lutar e vencer para a vida eterna.


A alegria jorra de um coração que confia no Pai. Deus socorre quem confia n'Ele. Quando confiamos em Deus somos curados.
Márcio Mendes - Comunidade Canção Nova

[MENSAGEM DE FIM DE ANO] Aprendendo a esperar no Senhor



Deus, na Sua infinita bondade, nos deu um tempo, mas para Ele esse tempo não existe. O ano novo é uma graça que Deus nos dá e precisamos caprichar nesses dias aproveitando cada momento e abrindo o coração para a graça d'Ele.

Deus tem graças especiais para mim, para você e para cada um de nós. Hoje a Sagrada Escritura nos oferece uma belíssima Palavra: o Salmo 39(40), 5:“Feliz o homem que põe no SENHOR sua esperança e não se volta para os soberbos, nem para os que seguem a mentira”.


Nenhum de nós se encontra dentro de uma redoma, por isso precisamos confiar no Senhor, pois existe um modo novo de viver com alegria, mesmo em mesmo às tribulações na nossa vida e da nossa família.


O desafio é enfrentar a vida como cristãos, sabendo que a cada dia as coisas ficarão mais apertadas e difíceis. E porque somos cristãos devemos confiar no Senhor. Você precisa ter as suas escolhas muito claras para escolher o que é certo e, assim, ao ser iluminado pelo próprio Deus, conseguir dar respostas diferentes.


Leia esse versículo 5, do Salmo 39, todos os dias, porque é o que precisamos desejar todos os dias e fazer essa escolha diária, que não é fácil, é difícil, mas é possível. Essa escolha é pessoal e não se pode culpar ninguém por não fazer uma escolha madura, mas sim, assumir a responsabilidade e buscar assumir o Senhor como centro na sua vida.


Para isso é preciso amar nas pequenas coisas para conseguir amar nas grandes. Não adianta desistir no momento em que o amor se tornar exigente, pois amar é uma decisão e todo grande amor passa por renúncias.


É preciso escolher pelo Senhor no dia de hoje. Cante essa música do padre Zezinho comigo e tome posse do que ela diz:
“Quando Jesus passar, quando Jesus passar, quando Jesus passar eu quero estar no meu lugar. Quando Jesus passar, quando Jesus passar, quando Jesus passar eu quero estar no meu lugar'. Você precisa treinar-se em escolher o Senhor, assim como o salmista reza no versículo 5. Em todo encontro ou retiro espiritual precisaria haver uma palestra chamada “O quarto dia”, porque é quando acaba o acampamento [encontro] que começa a sua missão na sua casa, na faculdade, no trabalho e aonde você vai.


Ao sair da Canção Nova você vai encontrar desafios enormes e precisará colocar tudo o que Deus lhe oferece hoje em prática. Nosso Senhor nos faz um convite dizendo: “Quem quiser ser meu discípulo tome sua cruz, renuncie e si mesmo e siga-me” e devemos assumir isso ontem, hoje e sempre.


Quantos de nós não rezamos em casa, durante nossas refeições em família, por termos vergonha. Mas devemos mudar isso hoje e deixar de ser hipócritas e colocar a nossa esperança no Senhor. Muitas vezes, achamos linda a Palavra do Senhor, mas na hora de colocá-la em prática é difícil e nós desistimos facilmente. Por isso eu lhe digo: espera no Senhor, meu irmão, minha irmã, e faça a sua parte.


Faça dessa música a sua oração e reze agora cantando comigo:
(Música: “Espera no Senhor” da Eliana Ribeiro)


Eu amo essa canção porque a gente precisa aprender a esperar no Senhor e ela diz exatamente isso. Todos nós desejamos esperar no Senhor e precisamos disso.
Que tipo de cristão eu tenho de ser para esperar no Senhor? Devo estar com o meu coração em Jesus sendo um com Ele. Pensar como Jesus pensa, amar como Jesus ama é e deve ser sempre a nossa busca. Isso tudo requer tempo e luta todo dia, não é fácil. Se você empenhar toda a sua vida esperando em Jesus você vai conseguir ficar cada vez mais parecido com Ele.


Deus o trouxe aqui para realizar uma obra de restauração e fazer de você uma criatura nova.
Por que rezar sempre? Porque Jesus é o quem nos convida à oração, por isso preciso buscar todo dia um encontro com o Senhor por meio da oração. Ao escolher pelo Senhor saiba que a vida passará a ser muito difícil, mas valerá a pena!


Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo como era no princípio, agora e sempre. Amém!


Ricardo Sá - Comunidade Canção Nova

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Tesouro escondido

"Lembrei-me de uma história muito interessante. Certa vez conheci um homem que me chamou muita atenção. Tinha um olhar atento, um tanto espantado, como se vivesse esperando por algo ou por alguém. Não fui capaz de conter minha curiosidade e perguntei o motivo daquele olhar que representava tanto mistério. Então disse-me ter encontrado um tesouro, dos mais valiosos que pudera existir. Ficara tão feliz e ao mesmo tempo tão espantado que quis escondêlo do mundo. Não queria que nada nem ninguém tirasse o bem mais precioso que tinha. Fez um bom trabalho. Escondeu o tesouro ao ponto de esconder dele mesmo. Então, tem passado todos os dias de sua vida atento. Espera encontrar algum indício de seu tesouro, ou quem sabe um outro..."
Jamile Grimm

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

...

"Et avahlo ila oãt otrep... o oriehc are oralc, so snos ed ues onos meb soditín. Ue airedop racot moc azetrec, sam aireferp oãn o rezaf, avatnerapa amu edadineres etnaigatnoc euq oãn em aireverta a rabaca moc eleuqa otnemom... aitens oãt egnol, zevlat euqrop ahnet o odavele oa siam otla ramatap, mu ragul edno ahnit éta odem ed raghec... odem... sodot sesse sotnemitnes sosnetni marabaca odnatrepsed o odal osordem ortned ed mim. Sam ue oãn em avatropmi, edsed euq eleuqa otnemom essof onrete, olep sonem ortned ed mim..."

"Palavra: Ilusória garantia de felicidade"

"Num mundo onde as palavras servem como garantia, as mesmas me amedrontam... Foram nelas que me segurei muitas vezes e hoje é delas minha maior preocupação. Por mais que poeticamente atos e sentimentos sejam valham mais que palavras, muitas vezes o nosso coração se encontra como um cego perdido, suplicando dentro de si mesmo que uma voz venha lhe direcionar e nela ele se agarra, independente da intenção da mesma ao se aproximar dele... É como se a vida tivesse se tornado um contrato onde, a qualquer momento você possa recorrer às pessoas cobrando que ponham em prática o que elas sempre falaram... Talvez o medo de sofrer do ser humano, e até mesmo meu, seja tão grande ao ponto de serem necessárias garantias de felicidade. Ilusão, com certeza... Mas estamos sempre salpicando ilusões nas incertezas da vida, de acordo com a nossa conveniência, e insistimos em buscar uma fórmula para viver, ou algo em que se agarrar além de nós mesmos. Eu confesso ter medo das pessoas que não falam. Mas ele é muito maior em relação as pessoas que o fazem..."
Jamile Grimm

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

...



Um dia me dei conta que todas as belezas que priorizava não existiam. Que criei uma felicidade absoluta e graças a isso, quando a primeira dificuldade chegou, perdi meu chão. Que as pessoas boas não eram completamente boas, elas iam errar uma hora ou outra, mas simplesmente essa possibilidade eu havia descartado quando pensava em futuro. Dava o carinho e a confiança que sempre sonhei em receber, mas errei ao colocar tantas coisas valiosas nas mãos de um simples ser humano. Infelizmente um sorriso aqui e umas palavras bonitas ali não suprem a necessidade de um coração a vida inteira quando falta consideração... Então me dei conta que o que há de precioso no meu coração deve ser conhecido por mim primeiramente, para que eu entenda o valor e aí sim possa dividir quem realmente é importante. E se mesmo assim não der certo, se mesmo assim as pessoas não valorizarem, isso não vai me atingir porque aquilo irá me completar só por existir...
Jamile Grimm

...


"Era tudo intenso demais, forte demais, até mais do que ela poderia suportar. Quando se tratava de felicidade a coitada pensava que quanto mais melhor, mas acabava na velha história de quem voa alto demais. Colocou seus sentimentos em um altar para alguém que jamais entendera o que era aquilo... Não o julgo, cada um tem seu tempo. Mas talvez o dele já tivera passado e não tivera sido com ela. Se recusara a ver isso, afinal o que importava era a felicidade, mesmo que esta viesse em migalhas, muito trituradas e praticamente nulas frente a tristeza de seus dias... Não entendia a diferença de amor e dependência, de saudade e necessidade, e acabou achando que as migalhas de felicidade eram essenciais em sua vida. Se recusava a viver um instante de tristeza no presente, mas preparava um futuro de sofrimento que nem imaginava. Até que um dia abriu os olhos para a realidade e finalmente viveu. Viveu as dores, as lágrimas, mas dessa vez ela estava vivendo, e não vegetando em função de um alguém. Tudo isso passou... E ela aprendeu que vale muito mais conhecer a si mesma antes de tentar conhecer os outros. Coração dos outros é terra que se pode adubar, mas que ninguém pisa."

Jamile Grimm

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Por que nem sempre resolvo os meus problemas?


Porque não falo com a pessoa certa! Giramos e giramos; vamos daqui para lá e de lá para cá...e não falamos com quem devemos. Nada pior do que falar com a pessoa errada! Existe uma grande tentação que nos faz, quase sempre, conversar com todos, menos com a pessoa em causa. Até procurarmos a pessoa certa, gastamos inútil e erroneamente o tempo, criamos confusões sem fim, fazemos aparecer fantasmas, e tudo, é claro, só piora.É simples! Fale com a pessoa certa! Isso vai exigir coragem, mas vai lhe trazer crescimento e paz!
Ricardo Sá
Comunidade Canção Nova

Achei bem interessante...


[Mateus 14, 22-33]



"Depois que a multidão comera até saciar-se, Jesus mandou que os discípulos entrassem na barca e seguissem, à sua frente, para o outro lado do mar, enquanto ele despediria as multidões. Depois de despedi-las, Jesus subiu ao monte, para orar a sós. A noite chegou, e Jesus continuava ali, sozinho. A barca, porém, já longe da terra, era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário. Pelas três horas da manhã, Jesus veio até os discípulos, andando sobre o mar. Quando os discípulos o avistaram, andando sobre o mar, ficaram apavorados, e disseram: “É um fantasma”. E gritaram de medo. Jesus, porém, logo lhes disse: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!”Então Pedro lhe disse: “Senhor, se és tu, manda-me ir a teu encontro, caminhando sobre a água”. E Jesus respondeu: “Vem!” Pedro desceu da barca e começou a andar sobre a água, em direção a Jesus. Mas, quando sentiu o vento, ficou com medo e, começando a afundar, gritou: “Senhor, salva-me!” Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro, e lhe disse: “Homem fraco na fé, por que duvidaste?” Assim que subiram na barca, o vento se acalmou. Os que estavam na barca, prostraram-se diante dele, dizendo: “Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!”



Homilia:



Jesus encontra-se com o Pai em profunda intimidade com Ele. Aliás, Cristo nos mostra que viemos, somos, e nossa vida, enquanto felicidade, sempre consistirá em Deus.
Às três horas da manhã Jesus vai ao encontro dos Seus discípulos, pois eles estão perecendo, estão em dificuldades, necessitam d’Aquele, que é a Verdade, a Vida, o Caminho. Precisamos, para mergulhar neste Evangelho de hoje, analisar com carinho este horário – três horas da manhã – em que Jesus Cristo vai ao encontro daqueles que estão padecendo.
Na Sagrada Escritura, três horas da manhã é tida como “hora quarta”. Foi nesse horário [hora quarta] que o povo, no deserto, atravessa o Mar Vermelho a pé enxuto. Pois bem, “hora quarta” nos remete a um tempo favorável, o qual na Bíblia é tido pelo número “quarenta” – daí quaresma, por exemplo. Objetivamente, esta hora quarta nos remete àquela fase da nossa vida em que somos convidados a nos questionar sobre o sentido da vida. Este tempo, na nossa existência, é quando chegamos à metade da nossa vida, em torno dos quarenta anos de idade.
Este é um período em nossa vida que independe do tempo em cada um de nós, cronologicamente falando, quando muitas coisas nos assaltam e nos colocam na parede, sobre – objetivamente falando – o sentido concreto da vida; é o momento da crise. Crise, em si, não é algo ruim; pelo contrário, crise é, nada mais e nada menos, do que purificação; purificação da nossa maneira de ver e de viver tudo aquilo que nos circunda, principalmente nossas relações com Deus, com o outro e com nós mesmos.
Este período em nossa existência, este momento de crise, faz algo muito interessante acontecer conosco: vamos perdendo o chão, parecendo que estamos caminhando sobre águas – realidades não consistentes e sólidas em nossa vida; aquilo que achávamos que era tão seguro em nossa vida – o ter, o poder e o prazer -, vamos percebendo que essas “barquinhas” não são seguras e confiáveis, a ponto de afundarem a qualquer momento; e que aquelas pessoas que acreditávamos ser a razão da nossa vida, no momento mais profundo da vida, não podem lutar as nossas lutas, mas somente nós mesmos podemos fazer isso. E agora, o que fazer? Você já passou por isso? Se você ainda não passou, não se preocupe: vai chegar esta hora, a hora quarta! Com certeza!
Primeira coisa que precisamos tomar consciência para vencermos e amadurecermos neste tempo favorável – apesar de doloroso em nossa vida: Jesus vem, como já veio, se preciso for, do Pai, ao encontro de cada um de nós. Ele é fiel e não nos deixa sós. Ele, movido pelo Espírito Santo, vem ao encontro da nossa fraqueza, pois Ele é o nosso Salvador. É preciso, neste momento da vida, não olharmos para as tempestades que dão contra a “barca” da nossa vida – pois vemos que tudo está dando contra… É a crise , nessa hora devemos olhar para Jesus; olhos fixos somente n’Ele, numa profunda confiança. Devemos entender que, nesta vida, tudo passa; somente Deus permanece. Depois da tempestade sempre vem a bonança? Depende! Se na tempestade me fixo nela, nos problemas, vou com ela e não saboreio nunca a bonança. Agora, se na tempestade, me fixo em Jesus, então sim, saborearei a bonança, ou seja, o amadurecimento após a crise.
Não adiantará nos desesperarmos e brigarmos contra a crise, a tempestade. Bobagem! Não gastemos forças e energias com isso; mas foquemos nosso olhar para o Senhor e busquemos aprender tudo o que este tempo favorável – hora quarta – tem a nos ensinar.


Padre Pacheco

Comunidade Canção Nova

A hora da estrela - Clarice Lispector

"Quando eu era menino li a história de um velho que estava com medo de atravessar um rio. E foi quando apareceu um homem jovem que também queria passar para a outra margem. O velho aproveitou e disse:
- Me leva também? Eu bem montado nos teus ombros?
O moço consentiu e passada a travessia avisou-lhe:
- Já chegamos, agora pode descer.
Mas aí o velho respondeu muito sonso e sabido:
- Ah, essa não! É tão bom estar aqui montado como estou que nunca mais vou sair de você!"


Acho que atravessei o rio com gente demais nas costas!

talvez me falte um pouco de coragem...

acho que só quem já se sentiu sozinho pode falar de solidão. gostaria sinceramente de ter a certeza plena dentro de mim que jamais poderia falar da mesma... mas não tenho. assim como não tenho o poder de mudar os meus sentimentos, principalmente aqueles que um dia idealizaram uma certa beleza perante algumas situações que nem se quer existiam... ou existiam, mas acabaram. e o fato de acabar mexe comigo. assim como o de possivelmente não ter existido. sinceramente eu fiquei meses sem escrever porque queria concretizar o que existe em mim, mas descobri que dessa vez não consigo. descobrir tem sido um problema pra mim. assim como pensar. ultimamente as coisas que descubro não são tão boas, apesar de essenciais. e penso muito nelas. então coloco uma dúvida a minha frente: será que eu prefiro o essencial ou as coisas boas? a partir do momento em que abri os olhos, ainda que pouco, percebi que que prefiro o essencial, mas antes, priorizava as coisas boas. boas até um determinado instante. e as verdades... as minhas verdades nunca foram verdadeiras. sempre foram convenientes, educadas, politicamente corretas... nunca verdadeiras. é difícil apagar o que se sente e eu pensei que eu tinha esse poder. mas é como se existisse uma ferida antiga, parcialmente cicatrizada e logo fizessem outra em cima... e assim eu ia levando. só que uma hora a dor se tornou insuportável e eu já não consigui mais ignorar o que estava ali. o que ainda está aqui. pensei em recorrer a palavras humanas... mas ainda que muitos se aproximem do conforto que preciso, ninguém irá de fato atingir o ponto certo. humanos tem suas próprias influencias, seus proprios sentimentos... a neutralidade não existe. optei por paredes. elas ultimamente sabem bem o que se passa comigo e o melhor, só me escutam... suas opiniões não interferem na minha maneira de expor o que sinto, até porque, nem que elas quisessem isso aconteceria, são paredes... rs. eu fui parede por muito tempo, na vida de muita gente. e no momento em que precisei de uma, onde me apoiar... só pude contar com as da minha casa mesmo.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

I

Sonhei com ele e quando acordei me dei conta de sua presença ali... Estava tão perto e com um ar tão sereno que era como se eu não tivesse acordado. Como se estivesse vivendo o sonho mais lindo. Não sabia se fechava os olhos e tentava sonhar novamente ou aproveitava aquela realidade tão incrível. Quando o momento de êxtase acabou, fechei os olhos novamente, revirei-me na cama desarrumada e percebi que havia condenado meu coração e meus sentidos a desejarem cada dia mais aquele cheiro tão preso em meu travesseiro agora...

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Deste modo ou Daquele modo

"Deste modo ou daquele modo,
Conforme calha ou não calha,
Podendo às vezes dizer o que penso,
E outras vezes dizendo-o mal e com misturas,
Vou escrevendo os meus versos sem querer,
Como se escrever não fosse uma cousa feita de gestos,
Como se escrever fosse uma cousa que me acontecesse
Como dar-me o sol de fora.
Procuro dizer o que sinto
Sem pensar em que o sinto.
Procuro encostar as palavras à ideia
E não precisar dum corredor
Do pensamento para as palavras.
Nem sempre consigo sentir o que sei que devo sentir.
O meu pensamento só muito devagar atravessa o rio a nado
Porque lhe pesa o fato que os homens o fizeram usar.
Procuro despir-me do que aprendi,
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,
Desembrulhar-me e ser eu, não Alberto Caeiro,
Mas um animal humano que a Natureza produziu.
E assim escrevo, querendo sentir a Natureza, nem sequer como um homem,
Mas como quem sente a Natureza, e mais nada.
E assim escrevo, ora bem, ora mal,
Ora acertando com o que quero dizer, ora errando,
Caindo aqui, levantando-me acolá,
Mas indo sempre no meu caminho como um cego teimoso.
Ainda assim, sou alguém.
Sou o Descobridor da Natureza.
Sou o Argonauta das sensações verdadeiras.
Trago ao Universo um novo Universo
Porque trago ao Universo ele-próprio.
Isto sinto e isto escrevo
Perfeitamente sabedor e sem que não veja
Que são cinco horas do amanhecer
E que o sol, que ainda não mostrou a cabeça
Por cima do muro do horizonte,
Ainda assim já se lhe vêem as pontas dos dedos
Agarrando o cimo do muro
Do horizonte cheio de montes baixos."
O Guardador de Rebanhos
Alberto Caeiro

quarta-feira, 23 de junho de 2010


"Não tenho pressa: não a têm o sol e a lua.
Ninguém anda mais depressa do que as pernas que tem.
Se onde quero estar é longe, não estou lá num momento.
Sim: existo dentro do meu corpo.
Não trago o sol nem a lua na algibeira.
Não quero conquistar mundos porque dormi mal,
Nem almoçar o mundo por causa do estômago.
Indiferente?
Não: filho da terra, que se der um salto, está em falso,
Um momento no ar que não é para nós,
E só contente quando os pés lhe batem outra vez na terra,
Traz! na realidade que não falta!
Não tenho pressa.
Pressa de quê?
Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.
Ter pressa é crer que a gente passe adiante das pernas,
Ou que, dando um pulo, salte por cima da sombra.
Não; não tenho pressa.
Se estendo o braço, chego exactamente aonde o meu braço chega -
Nem um centímetro mais longe.
Toco só aonde toco, não aonde penso.
Só me posso sentar aonde estou.
E isto faz rir como todas as verdades absolutamente verdadeiras,
Mas o que faz rir a valer é que nós pensamos sempre noutra coisa,
E somos vadios do nosso corpo.
E estamos sempre fora dele porque estamos aqui."


[Alberto Caeiro - F. Pessoa]

terça-feira, 22 de junho de 2010

(...)

A sensação de estar vulnerável a todo sentimento que existe muitas vezes nos tira o poder que temos sobre nós mesmos. Mas são apenas sensações. Somos os únicos capazes de direcionar nossas vidas, seja para a dor ou para a alegria. Entretando, até que ponto sabemos disso? "Então ela abriu os olhos. Viu que estava em lugar alto e por isso frio. Seus olhos não desgrudavam do céu, que por sinal parecia muito próximo de sua face, talvez por medo de enxergar o que havia mais adiante. Não havia como parar, apesar de ser sua maior vontade, ela tinha que continuar caminhando... cada vez mais perto de um lugar misterioso. Apenas mais um passo e ali estava ele, sombrio, com poucos ruídos... Era escuro, não conseguia ver o fim daquele lugar tão fundo... E lá ela teria que entrar, explorar, conhecer essa parte de sua vida. Por um segundo a dor de estar sozinha foi a pior sensação. Logo em seguida, o medo do desconhecido a dominou. Mas talvez aquele lugar não fosse tão desconhecido assim... Ela já passara por ali, já conhecera aquele lugar. Antes, o que aos seus olhos transmitia beleza e alegria, agora retrata mistério e medo... Desistir parecia tão fácil... Ou não... Ela sabia que se olhasse bem e com calma ainda veria refletir um pouco daquela luz de antes. Então resolveu esperar, ainda que isso lhe perturbasse."

quinta-feira, 17 de junho de 2010

O meu olhar

-
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo.
Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...
[Alberto Caeiro]

sexta-feira, 21 de maio de 2010

"Seja um lago!"

"Um dia Santa Terezinha pediu a uma jovem noviça triste que colocasse uma mão cheia de sal em um copo de água e bebesse. 'Qual é o gosto?' Perguntou Santa Terezinha. 'Ruim' disse a noviça. Santa Terezinha sorriu e pediu a jovem noviça que pegasse outra mão cheia de sal e levasse a um lago. As duas caminharam em silêncio e a jovem noviça jogou o sal no lago, então Santa Terezinha disse: 'Beba um pouco dessa água'. Enquanto a água escorria do queixo da jovem, Santa Terezinha perguntou: 'Qual é o gosto?' 'Bom!' Disse a jovem noviça. 'Você sente o gosto do sal?' Perguntou Santa Terezinha. 'Não' disse a jovem. Santa Terezinha então sentou ao lado da jovem noviça, pegou sua mão e disse: 'A dor na vida de uma pessoa não muda. Mas o sabor da dor depende de onde a colocamos. Então,quando você sentir dor, a única coisa que você deve fazer é aumentar o sentido das coisas.'"

Santa Terezinha

"O vaso rachado"

"Um carregador de água com o nome de Jesus tinha dois grandes vasos que colocava nos extremos de uma madeira que ele levava acima dos ombros. Um dos vasos tinha uma rachadura, enquanto que o outro era perfeito e entregava a água completa ao final do largo caminho a pé, desde o riacho, até a casa de seu patrão. Quando chegava o vaso rachado só continha a metade da água. Por dois anos completos, isto foi assim diariamente. Desde logo, o vaso perfeito estava muito orgulhoso de seus resultados. Era perfeito para os fins para o qual fora criado. Porém, o pobre vaso rachado estava muito envergonhado de sua própria imperfeição e se sentia miserável porque só podia conseguir a metade do que supunha devia fazer. Depois de dois anos, falou ao aguador, dizendo-lhe: 'Estou envergonhado de mim mesmo e quero me desculpar contigo…' 'Por quê?' Lhe perguntou o aguador. 'Porque devido às minhas rachaduras, só podes entregar a metade de minha carga. Devido às minhas rachaduras, só obténs a metade do valor do que deverias.' E Jesus ficou muito enternecido pelo vaso e com grande compaixão lhe disse: 'Quando regressarmos à casa do patrão, quero que notes as belíssimas flores que crescem ao largo do caminho.' Assim o fez e, com efeito, viu muitíssimas flores belas ao longo de todo o caminho, porém de todo modo se sentiu muito triste porque ao final só levava a metade de sua carga. Jesus lhe disse: 'Te deste conta de que flores só crescem no lado do teu caminho? Sempre tenho sabido de tuas rachaduras e quis obter vantagem delas, semeei sementes de flores ao longo de todo o caminho por onde tu vais e todos os dias tu as têm regado. Por dois anos eu tenho colhido estas flores para decorar o altar do meu Pai. Se não fosse exatamente como és, Ele não teria tido essa beleza sobre a sua mesa'”.

Cada um de nós tem suas próprias rachaduras. Todos somos vasos rachados, porém se permitimos a Jesus utilizar nossas rachaduras para decorar a mesa do nosso Pai…

“Na grande economia de Deus, nada se desperdiça”.

Pe. Marcelo Rossi

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O sabor do desconhecido

"Eu quero conhecer o improvável e me arriscar no incerto. Eu quero a beleza do momento, idealizando o eterno. Pular do ponto mais alto de uma montanha e ter braços quentes para me pegar a tempo. Quero não depender de nada, ser capaz de jogar meu destino ao vento, que ele leve para onde for... Quero desejar as coisas mais incríveis, alcançar todas elas, e não o que acham melhor para mim... Sonhar com cabeça de criança, sentir com coração de adolescente, raciocinar como um adulto louco e aprender como idoso experiente. Quero a vida, com todas as suas alegrias e todas as suas tristezas. Conhecer... Me conhecer, pois só assim darei o primeiro passo para conhecer o mundo."

Jamile Grimm

Há quem fale demais!

"Há quem diga que ele une a beleza do que é natural e de belas artes feitas por mãos humanas. Há quem diga que seu veneno mata lentamente. há quem diga que seu calor é tão satisfatório quanto ao do sol de uma manhã gelada. e há quem diga que deixa uma ferida que jamais cura. há quem diga que pelo menos uma vez na vida temos a chance de experimentá-lo, e como é bom! e há quem diga que nunca o conheceu... eu porém digo que ando o observando, e tenho percebido que nele há uma junção dos lindos raios da luz e enigmas da escuridão, do gosto doce e ao mesmo tempo do cítrico, mas o que é há de mais incrível, é que cada passo que dou mais para perto, sinto a intensidade de todas e na medida certa..."

Jamile Grimm

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A beleza está nos olhos e não no mundo...

"Estava na varanda e percebi que o sol de ontem estava agradável, na medida certa, porém, tornava o ambiente meio triste, sem tanta vida... O sol de hoje porém, estava quente demais, e seu calor provocava um tremendo incômodo... O ambiente, por sua vez, estava mais claro, brilhante para ser mais exata, o que trazia uma certa alegria. Percebi que poderia reclamar desses dias, ou agradecer pela beleza proporcionada por ambos, apesar de imperfeita. Escolhi agradecer e meu dia foi bem mais agradável..."

Jamile Grimm

Tesouros do coração

"Se hoje fosse o meu último dia, não correria para fazer o que não fiz. Não criaria situações porque simplesmente não ocorrem em minha vida. Prefiro guardar com amor o que vivi e não lamentar por algo que não tive. Quanto aos bens materiais? Estes não me interessam pois não levarei nada deste mundo. As maiores riquezas serão sim enterradas junto comigo, pois estão guardadas em meu coração e em minha memória."

Jamile Grimm

domingo, 11 de abril de 2010

Vida - Augusto Branco


"Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis.

Já fiz coisas por impulso,
já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar,
mas também decepcionei alguém.

Já abracei pra proteger,já dei risada quando não podia,
fiz amigos eternos,amei e fui amado,
mas também já fui rejeitado,
fui amado e não amei.

Já gritei e pulei de tanta felicidade,
já vivi de amor e fiz juras eternas,
"quebrei a cara muitas vezes"!

Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
já liguei só para escutar uma voz,
me apaixonei por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de tanta saudade
e tive medo de perder alguém especial
(e acabei perdendo).

Mas vivi, e ainda vivo!
Não passo pela vida…
E você também não deveria passar!
Viva!

Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,perder com classe
e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é "muito" pra ser insignificante."

sábado, 10 de abril de 2010

Sim, negação.

"Não vou negar que dúvidas perseguem meus pensamentos e medos me impedem de voar. Muito menos dizer que a insegurança não percorre todo meu ser de maneira que, muitos dos meus sonhos sejam perturbados. Seria incapaz de dizer que estes sentimentos tão frios não seguram meus pés, impedindo passos precisos, decisivos. Mas também não quero ser hipócrita ao ponto de mentir sobre fechar cada vez mais os meus olhos, quando alguma realidade que não é de meu agrado se coloca a minha frente... A minha maior vontade? Aprender a negar e acreditar nas minhas negações..."

Jamile Grimm

segunda-feira, 29 de março de 2010

E no céu...

"Esses dias estive no céu... Foi um passeio rápido, porém inesquecível. Quanto mais alto eu ia, aumentava a vontade de mergulhar nessa imensidão de estrelas... Tocava cada uma delas com toda delicadeza. Um frio percorria o meu corpo, mas não importava... Era o momento mais magnífico que se poderia viver. Poucas são as pessoas que tem essa oportunidade e senti-me privilegiada por isso. Lá em cima nada me preocupava, nem mesmo a altura. Talvez fosse perigoso voltar de lá, doloroso... Mas toda aquela beleza compensava. Quando me cansei de passear por entre as estrelas, sentei-me na Lua e ali adormeci. Ao acordar, já em minha cama, em nenhum momento desconfiei que era um sonho... Talvez algum anjo me trouxe para casa. E hoje, dedico pelo menos um minuto de minha vida à uma viagem rápida ao céu, ainda que dentro de mim..."
{Jamile Grimm}

Alguns textos devem ser lidos com o coração.

domingo, 28 de março de 2010

O Pequeno Príncipe

"Eis o meu segredo: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos. Os homens esqueceram essa verdade, mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas." (Antoine de Saint-Exupéry)



*Todo ser humano deveria ler O Pequeno Príncipe pelo menos uma vez a cada dois meses...

quarta-feira, 17 de março de 2010


"Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida. Se os olhares se cruzarem e, neste momento, houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu. Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d'água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês. Se o 1º e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Algo do céu te mandou um presente divino : O AMOR. Se um dia tiverem que pedir perdão um ao outro por algum motivo e, em troca, receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos e os gestos valerem mais que mil palavras, entregue-se: vocês foram feitos um pro outro. Se por algum motivo você estiver triste, se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa sofrer o seu sofrimento, chorar as suas lágrimas e enxugá-las com ternura, que coisa maravilhosa: você poderá contar com ela em qualquer momento de sua vida. Se você conseguir, em pensamento, sentir o cheiro da pessoa como se ela estivesse ali do seu lado... Se você achar a pessoa maravilhosamente linda, mesmo ela estando de pijamas velhos, chinelos de dedo e cabelos emaranhados... Se você não consegue trabalhar direito o dia todo, ansioso pelo encontro que está marcado para a noite... Se você não consegue imaginar, de maneira nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado... Se você tiver a certeza que vai ver a outra envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção que vai continuar sendo louco por ela... Se você preferir fechar os olhos, antes de ver a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida. Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida poucas amam ou encontram um amor verdadeiro. Às vezes encontram e, por não prestarem atenção nesses sinais, deixam o amor passar, sem deixá-lo acontecer verdadeiramente. É o livre-arbítrio. Por isso, preste atenção nos sinais. Não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: o AMOR !!!"
Carlos Drummond de Andrade.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Assim como

"Assim como falham as palavras quando querem exprimir qualquer pensamento, assim falham os pensamentos quando querem exprimir qualquer realidade. Mas, como a realidade pensada não é a dita mas a pensada. Assim a mesma dita realidade existe, não o ser pensada. Assim tudo o que existe, simplesmente existe. O resto é uma espécie de sono que temos, infância da doença. Uma velhice que nos acompanha desde a infância da doença. "

Fernando Pessoa - Alberto Caeiro

Os olhos

"Os olhos... Tão poéticos e tão falsos... Mas nós os fazemos assim. Poéticos de maneira que transparecem até os sentimentos mais difíceis com uma beleza inacreditável. Mas os tornamos falsos a partir do momento em que usamos nossos olhos apenas para o que nos é interessante. Os olhos podem ser nossos melhores amigos desde que estejamos dispostos a enxergar tudo o que a vida mostra, sem priorizar o que nos agrada. Porém, direcionamos nossos olhares para situações que nos beneficiam, e muitas vezes para mundos que criamos, que temos vontade de ver e viver... E o mais engraçado é que é por eles que saem as provas de que esse é o caminho errado. Eles se gritam ao ponto de transbordarem a tristeza, a dor do engano que na verdade, nunca existiu... "

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Tudo depende de mim - Charlie Chaplin

"Hoje levantei cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relógio
marque meia-noite.
É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje.
Posso reclamar porque está chovendo...
ou agradecer às águas por lavarem a poluição.
Posso ficar triste por não ter dinheiro...
ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças, evitando o desperdício.
Posso reclamar sobre minha saúde...
ou dar graças por estar vivo.
Posso me queixar dos meus pais por não terem me dado tudo o que eu queria....
ou posso ser grato por ter nascido.
Posso reclamar por ter que ir trabalhar....
ou agradecer por ter trabalho.
Posso sentir tédio com as tarefas da casa...
ou agradecer a Deus por ter um teto para morar.
Posso lamentar decepções com amigos...
ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades.
Se as coisas não saíram como planejei, posso ficar feliz por ter hoje para recomeçar.
O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser.
E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma.
Tudo depende só de mim."

O que somos & o que devemos ser



"A arte de viver está em manter o equilíbrio entre o que somos e o que devemos ser. Quando agimos de acordo com o que somos, seguimos impulsos, arriscamos, e não nos importa o amanhã desde que sejamos capazes de satisfazer nosso hoje. Quando agimos de acordo com o que devemos ser, nunca levamos em consideração o que queremos, e sim o que os outros querem. O nosso "devemos ser" nunca é ditado por nós mesmos, por que se não seria agir pelo o que somos. De fato, viver a vida seguindo os impulsos do que somos nem sempre é a atitude mais saudável. Mas não devemos ignorar o que sentimos, o que queremos. Ainda que não sigamos este caminho, devemos pelo menos ter a consciência de que ele está ali, dentro de nós e assim não esqueceremos de quem somos. Assim como, nem sempre se deve seguir o que os outros querem de nós. Vale a pena arriscar, pelo menos para ter certeza se tentou."


Jamile Grimm






[...]






"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos."
Charlie Chaplin

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

[...]


Conheci um cachorro muito engraçado há um tempo atrás. Era feliz na medida do possível, talvez porque aprendera a contentar-se com o pequeno espaço concedido por seus donos. Apesar de ter sempre ao seu dispor comida boa e água fresca, nunca tiraram do animal a maldida coleira. Por muitas vezes presenciei aquele cachorro tentando correr quando via um gato ou coisa do tipo, e a coleira sempre limitava o espaço que ele poderia usar. Era engraçado mas ao mesmo tempo triste, porque ficava nítida em seu olhar a decepção. Aos poucos aquilo foi irritando o animal, até que, sem deixar seus donos perceberem, ele começou a destruir a coleira. Um belo dia, ele fugiu. Só o que se sabe é que pela primeira vez viram em seu olhar a verdadeira felicidade e ele... bom, deve estar correndo pelo mundo a fora...


quantos cachorros você já não conheceu? E quantas vezes você já não esteve como o cachorro? Preso a coleira da lembrança que ligava fortemente o presente e o passado, lhe impedindo de dar um passo a diante em sua vida, ainda que com medo do que viesse pela frente não fosse de total agrado? temos medo de cortar as ligações com o passado e acreditamo que experiência de vida é ficar presos nele. Mas a verdadeira experiência é quebrar a corrente e seguir a diante tentando não cometer os mesmos erros...


[/amanhã edito o texto porque o sono tá demais!

sábado, 20 de fevereiro de 2010

O tempo...

O tempo é muito lento
para os que esperam
Muito rápido
para os que tem medo
Muito longo
para os que lamentam
Muito curto
para os que festejam
Mas, para os que amam,
tempo é eterno."


William Shakespeare

O título é criado a partir de uma interpretação pessoal [2]

" É simplesmente vontade de ser melhor. Ser feliz para fazer alguém feliz. Ter a certeza de que alguma coisa dentro de você se completa com a existência de uma outra pessoa. É olhar para o lado e não acreditar que seja merecedor de algo tão magnífico. É criar forças, é não ter medo... E se algum dia isso acontecer, ter a certeza de que existe alguém que vá te confortar somente com a presença. É como se ninguém fosse capaz de substituir... E talvez seja de fato impossível. É perceber que de repente todas as palavras bonitas fazem sentido e você se encontra em situações que antes achava, apesar de incríveis, impossíveis aos sentimentos humanos... É ver que a beleza de fato não está em coisas extraordinárias, mas em ganhar o dia tendo a chance de presenciar aquele olhar, por mais breve que seja. E não importa o futuro, porque talvez ele valha a pena pelo simples fato de carregar lembranças eternas do presente maravilhoso que se vive. "
Jamile Grimm
-
"Ele une todas as coisas, como eu poderia explicar? Um doce mistério de rio com a transparência de um mar ? Ele une todas as coisas, quantos elementos vão lá … Sentimento fundo de água, com toda leveza do ar... Ele está em todas as coisas, até no vazio que me dá quando vejo a tarde cair e ele não está. Talvez ele saiba de cor tudo que eu preciso sentir. Pedra preciosa de olhar ! Ele só precisa existir para me completar." [Jorge Vercilo]

[?] Certo X Errado [?]

Às vezes eu duvido do conceito de certo e errado. Varia tanto de pessoa para pessoa que muitas vezes acredito que nós os estipulamos da maneira que seja mais conveniente. Como e quem inventou o certo e o errado? Duvido que quem o fez, teve como base argumentos concretos... Provavelmente definiu de acordo com o que era adequado ao seu modo de ver a vida. Porém, fomos burros e levamos a diante os seus pensamentos... O lado poético me diz muitas vezes que o certo é aquilo que traz felicidade da maneira mais sadia... E o errado, obviamente, o oposto. Entretando, o meu racional diz que ambos são realidades utópicas como a felicidade.
É apenas um texto...

Jamile Grimm



HÁ SEM DÚVIDA QUEM AME O INFINITO
[ÁLVARO DE CAMPOS - FERNANDO PESSOA]


Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossivel,
Há sem duvida quem não queria nada -
Tres tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possivel,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

"A emoção está em ultrapassar as fronteiras"



"Pelo que me passava, sempre vivera próxima às fronteiras das cidades. Quando algo a incomodava em uma, ela optava por se achegar mais a outra. Da mesma forma que, quando essa outra ameaçava lhe prejudicar de alguma forma, ela voltava para a anterior. E vivia assim por todos os lugares em que conhecia, sempre em suas fronteiras. Acreditava ser feliz desta forma, pois nada de mal a atingia. As belezas dos lugares eram sempre admiradas à distância, com a maior cautela possível para o caso de entrar na cidade e não conseguir sair. Passei um bom tempo sem vê-la até que ontem a reencontei. Perguntei por onde andava e disse-me com toda a calma que agora vivia no interior de uma cidade muito conhecida, porém, pouco habitada. Mostrava um brilho no olhar que jamais vira e, curiosa, perguntei o que a fez mudar de idéia. Ela então me explicou, que ao deslocar-se de uma cidade para a outra, mesmo sempre próxima da fronteira, uma beleza em especial chamou sua atenção. Resolveu explorar, desatrelando-se totalmente do objetivo de viver nas fronteiras. Ficou encantada! Descobriu que jamais conhecera de verdade a beleza de qualquer cidade. Ainda curiosa, a questionei seus medos passados, como enfrentara e ela rapidamente me disse que estes já não importavam mais. Se um dia a cidade lhe incomodasse, obviamente partiria para outra, mas jamais se limitaria a ficar nas fronteiras..."
[Jamile Grimm]

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

"Sempre estiveram ali..."

Um dia talvez minha capacidade intelectual e emocional de mera humana compreenda a ligação entre duas pessoas. Vivi e vivo intensamente minhas histórias de amizade, mas nunca entendi ao certo como e porque começaram. Simplesmente existiram pessoas que cruzaram o meu caminho e foram capazes de mudar toda uma vida. Analiso determinadas atitudes em determinados momentos onde, algumas dessas pessoas estiveram presentes com seus conselhos. Dessa forma, penso na hipótese de que não estivessem participado e vejo que talvez não saberia nem por onde começar a resolver tal problema. É assim que resumo meus verdadeiros amigos: Peças fundamentais que ajudam a montar o quebra-cabeça de minha existência.

"Sempre estiveram ali.
Com abraço apertado e sorriso no rosto ao me ver chegar.
Com coração machucado por me ver machucada.
Com o coração ferido pedindo meu consolo.
Com o espírito em festa ao ver minhas conquistas.
Com louca vontade de comemorar comigo as próprias conquistas.
Com compreensão para os meus erros.
Mas também prontos para repreender-me, ainda que isso doesse.
Com um telefone no ouvido para ouvir minhas lágrimas.
Com o mesmo para ouvir uma novidade que não conseguiria esperar.
E me ligando quando resolvia sumir por uns tempos.
Quando me afastei, souberam com o seu jeitinho ir me buscar.
E quando se afastaram, não aguentava e corria ao encontro deles.
Quando errávamos, com o nosso jeito, soubemos nos desculpar.
Nada ficou pendente.
Nada existia entre nós além de um amor imenso.
Foi com eles que vivi os momentos mais intensos de minha vida.
E independente da situação, mesmo nas mais difíceis eu soube que
sempre estiveram ali."
Jamile Grimm

BONS AMIGOS
[Machado de Assis]

"Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir.
Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende.
Amigo a gente sente!
Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar.
Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende.
Amigo a gente entende!
Benditos os que guardam amigos, os que entregam o ombro pra chorar.
Porque amigo sofre e chora.
Amigo não tem hora pra consolar!
Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade.
Porque amigo é a direção.
Amigo é a base quando falta o chão!
Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros.
Porque amigos são herdeiros da real sagacidade.
Ter amigos é a melhor cumplicidade!
Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho,
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!"

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

O Búfalo - Clarice Lispector


"Mas era primavera. Até o leão lambeu a testa glabra da leoa. Os dois animais louros. A mulher desviou os olhos da jaula, onde só o cheiro quente lembrava a carnificina que ela viera buscar no Jardim Zoológico. Depois o leão passeou enjubado e tranqüilo, e a leoa lentamente reconstituiu sobre as patas estendidas a cabeça de uma esfinge. "Mas isso é amor, é amor de novo", revoltou-se a mulher tentando encontrar-se com o próprio ódio mas era primavera e dois leões se tinham amado. Com os punhos nos bolsos do casaco, olhou em torno de si, rodeada pelas jaulas, enjaulada pelas jaulas fechadas. Continuou a andar. Os olhos estavam tão concentrados na procura que sua vista às vezes se escurecia num sono, e então ela se refazia como na frescura de uma cova.
Mas a girafa era uma virgem de tranças recém-cortadas. Com a tola inocência do que é grande e leve e sem culpa. A mulher do casaco marrom desviou os olhos, doente, doente. Sem conseguir — diante da aérea girafa pousada, diante daquele silencioso pássaro sem asas — sem conseguir encontrar dentro de si o ponto pior de sua doença, o ponto mais doente, o ponto de ódio, ela que fora ao Jardim Zoológico para adoecer. Mas não diante da girafa que mais era paisagem que um ente. Não diante daquela carne que se distraíra em altura e distância, a girafa quase verde. Procurou outros animais, tentava aprender com eles a odiar. O hipopótamo, o hipopótamo úmido. O rolo roliço de carne, carne redonda e muda esperando outra carne roliça e muda. Não. Pois havia tal amor humilde em se manter apenas carne, tal doce martírio em não saber pensar. Mas era primavera, e, apertando o punho no bolso do casaco, ela mataria aqueles macacos em levitação pela jaula, macacos felizes como ervas, macacos se entrepulando suaves, a macaca com olhar resignado de amor, e a outra macaca dando de mamar. Ela os mataria com quinze secas balas: os dentes da mulher se apertaram até o maxilar doer. A nudez dos macacos. O mundo que não via perigo em ser nu. Ela mataria a nudez dos macacos. Um macaco também a olhou segurando as grades, os braços descarnados abertos em crucifixo, o peito pelado exposto sem orgulho. Mas não era no peito que ela mataria, era entre os olhos do macaco que ela mataria, era entre aqueles olhos que a olhavam sem pestanejar. De repente a mulher desviou o rosto: é que os olhos do macaco tinham um véu branco gelatinoso cobrindo a pupila, nos olhos a doçura da doença, era um macaco velho — a mulher desviou o rosto, trancando entre os dentes um sentimento que ela não viera buscar, apressou os passos, ainda voltou a cabeça espantada para o macaco de braços abertos: ele continuava a olhar para a frente. "Oh não, não isso", pensou. E enquanto fugia, disse: "Deus, me ensine somente a odiar."
"Eu te odeio", disse ela para um homem cujo crime único era o de não amá-la. "Eu te odeio", disse muito apressada. Mas não sabia sequer como se fazia. Como cavar na terra até encontrar a água negra, como abrir passagem na terra dura e chegar jamais a si mesma? Andou pelo Jardim Zoológico entre mães e crianças. Mas o elefante suportava o próprio peso. Aquele elefante inteiro a quem fora dado com uma simples pata esmagar. Mas que não esmagava. Aquela potência que no entanto se deixaria docilmente conduzir a um circo, elefante de crianças. E os olhos, numa bondade de velho, presos dentro da grande carne herdada. O elefante oriental. Também a primavera oriental, e tudo nascendo, tudo escorrendo pelo riacho.
A mulher então experimentou o camelo. O camelo em trapos, corcunda, mastigando a si próprio, entregue ao processo de conhecer a comida. Ela se sentiu fraca e cansada, há dois dias mal comia. Os grandes cílios empoeirados do camelo sobre olhos que se tinham dedicado à paciência de um artesanato interno. A paciência, a paciência, a paciência, só isso ela encontrava na primavera ao vento. Lágrimas encheram os olhos da mulher, lágrimas que não correram, presas dentro da paciência de sua carne herdada. Somente o cheiro de poeira do camelo vinha de encontro ao que ela viera: ao ódio seco, não a lágrimas. Aproximou-se das barras do cercado, aspirou o pó daquele tapete velho onde sangue cinzento circulava, procurou a tepidez impura, o prazer percorreu suas costas até o mal-estar, mas não ainda o mal-estar que ela viera buscar. No estômago contraiu-se em cólica de fome a vontade de matar. Mas não o camelo de estopa. "Oh Deus, quem será meu par neste mundo?"
Então foi sozinha ter a sua violência. No pequeno parque de diversões do Jardim Zoológico esperou meditativa na fila de namorados pela sua vez de se sentar no carro da montanha-russa. E ali estava agora sentada, quieta no casaco marrom. O banco ainda parado, a maquinaria da montanha-russa ainda parada. Separada de todos no seu banco, parecia estar sentada numa Igreja. Os olhos baixos viam o chão entre os trilhos. O chão onde simplesmente por amor — amor, amor, não o amor! — onde por puro amor nasciam entre os trilhos ervas de um verde leve tão tonto que a fez desviar os olhos em suplício de tentação. A brisa arrepiou-lhe os cabelos da nuca, ela estremeceu recusando, em tentação recusando, sempre tão mais fácil amar.
Mas de repente foi aquele vôo de vísceras, aquela parada de um coração que se surpreende no ar, aquele espanto, a fúria vitoriosa com que o banco a precipitava no nada e imediatamente a soerguia como uma boneca de saia levantada, o profundo ressentimento com que ela se tornou mecânica, o corpo automaticamente alegre — o grito das namoradas! — seu olhar ferido pela grande surpresa, a ofensa, "faziam dela o que queriam", a grande ofensa — o grito das namoradas! — a enorme perplexidade de estar espasmodicamente brincando faziam dela o que queriam, de repente sua candura exposta. Quantos minutos? os minutos de um grito prolongado de trem na curva, e a alegria de um novo mergulho no ar insultando-a com um pontapé, ela dançando descompassada ao vento, dançando apressada, quisesse ou não quisesse o corpo sacudia-se como o de quem ri, aquela sensação de morte às gargalhadas, morte sem aviso de quem não rasgou antes os papéis da gaveta, não a morte dos outros, a sua, sempre a sua. Ela que poderia ter aproveitado o grito dos outros para dar seu urro de lamento, ela se esqueceu, ela só teve espanto.
E agora este silêncio também súbito. Estavam de volta à terra, a maquinaria de novo inteiramente parada.
Pálida, jogada fora de uma Igreja, olhou a terra imóvel de onde partira e aonde de novo fora entregue. Ajeitou as saias com recato. Não olhava para ninguém. Contrita como no dia em que no meio de todo o mundo tudo o que tinha na bolsa caíra no chão e tudo o que tivera valor enquanto secreto na bolsa, ao ser exposto na poeira da rua, revelara a mesquinharia de uma vida íntima de precauções: pó de arroz, recibo, caneta-tinteiro, ela recolhendo no meio-fio os andaimes de sua vida. Levantou-se do banco estonteada como se estivesse se sacudindo de um atropelamento. Embora ninguém prestasse atenção, alisou de novo a saia, fazia o possível para que não percebessem que estava fraca e difamada, protegia com altivez os ossos quebrados. Mas o céu lhe rodava no estômago vazio; a terra, que subia e descia a seus olhos, ficava por momentos distante, a terra que é sempre tão difícil. Por um momento a mulher quis, num cansaço de choro mudo, estender a mão para a terra difícil: sua mão se estendeu como a de um aleijado pedindo. Mas como se tivesse engolido o vácuo, o coração surpreendido. Só isso? Só isto. Da violência, só isto.
Recomeçou a andar em direção aos bichos. O quebranto da montanha-russa deixara-a suave. Não conseguiu ir muito adiante: teve que apoiar a testa na grade de uma jaula, exausta, a respiração curta e leve. De dentro da jaula o quati olhou-a. Ela o olhou. Nenhuma palavra trocada. Nunca poderia odiar o quati que no silêncio de um corpo indagante a olhava. Perturbada, desviou os olhos da ingenuidade do quati. O quati curioso lhe fazendo uma pergunta como uma criança pergunta. E ela desviando os olhos, escondendo dele a sua missão mortal. A testa estava tão encostada às grades que por um instante lhe pareceu que ela estava enjaulada e que um quati livre a examinava.A jaula era sempre do lado onde ela estava: deu um gemido que pareceu vir da sola dos pés. Depois outro gemido.
Então, nascida do ventre, de novo subiu, implorante, em onda vagarosa, a vontade de matar — seus olhos molharam-se gratos e negros numa quase felicidade, não era o ódio ainda, por enquanto apenas a vontade atormentada de ódio como um desejo, a promessa do desabrochamento cruel, um tormento como de amor, a vontade de ódio se prometendo sagrado sangue e triunfo, a fêmea rejeitada espiritualizara-se na grande esperança. Mas onde, onde encontrar o animal que lhe ensinasse a ter o seu próprio ódio? o ódio que lhe pertencia por direito mas que em dor ela não alcançava? Onde aprender a odiar para não morrer de amor? E com quem? O mundo de primavera, o mundo das bestas que na primavera se cristianizam em patas que arranham mas não dói... oh não mais esse mundo! não mais esse perfume, não esse arfar cansado, não mais esse perdão em tudo o que um dia vai morrer como se fora para dar-se. Nunca o perdão, se aquela mulher perdoasse mais uma vez, uma só vez que fosse, sua vida estaria perdida — deu um gemido áspero e curto, o quati sobressaltou-se — enjaulada olhou em torno de si, e como não era pessoa em quem prestassem atenção, encolheu-se como uma velha assassina solitária, uma criança passou correndo sem vê-la.
Recomeçou então a andar, agora pequena, dura, os punhos de novo fortificados nos bolsos, a assassina incógnita, e tudo estava preso no seu peito. No peito que só sabia resignar-se, que só sabia suportar, só sabia pedir perdão, só sabia perdoar, que só aprendera a ter a doçura da infelicidade, e só aprendera a amar, a amar, a amar. Imaginar que talvez nunca experimentasse o ódio de que sempre fora feito o seu perdão, fez seu coração gemer sem pudor, ela começou a andar tão depressa que parecia ter encontrado um súbito destino. Quase corria, os sapatos a desequilibravam, e davam-lhe uma fragilidade de corpo que de novo a reduzia a fêmea de presa, os passos tomaram mecanicamente o desespero implorante dos delicados, ela que não passava de uma delicada. Mas, pudesse tirar os sapatos, poderia evitar a alegria de andar descalça? Como não amar o chão em que se pisa? Gemeu de novo, parou diante das barras de um cercado, encostou o rosto quente no enferrujado frio do ferro. De olhos profundamente fechados procurava enterrar a cara entre a dureza das grades, a cara tentava uma passagem impossível entre barras estreitas, assim como antes vira o macaco recém-nascido buscar na cegueira da fome o peito da macaca. Um conforto passageiro veio-lhe do modo como as grades pareceram odiá-la opondo-lhe a resistência de um ferro gelado.
Abriu os olhos devagar. Os olhos vindos de sua própria escuridão nada viram na desmaiada luz da tarde. Ficou respirando. Aos poucos recomeçou a enxergar, aos poucos as formas foram se solidificando, ela cansada, esmagada pela doçura de um cansaço. Sua cabeça ergueu-se em indagação para as árvores de brotos nascendo, os olhos viram as pequenas nuvens brancas. Sem esperança, ouviu a leveza de um riacho. Abaixou de novo a cabeça e ficou olhando o búfalo ao longe. Dentro de um casaco marrom, respirando sem interesse, ninguém interessado nela, ela não interessada em ninguém.Certa paz enfim. A brisa mexendo nos cabelos da testa como nos de pessoa recém-morta, de testa ainda suada. Olhando com isenção aquele grande terreno seco rodeado de grades altas, o terreno do búfalo. O búfalo negro estava imóvel no fundo do terreno. Depois passeou ao longe com os quadris estreitos, os quadris concentrados. O pescoço mais grosso que as ilhargas contraídas. Visto de frente, a grande cabeça mais larga que o corpo impedia a visão do resto do corpo, como uma cabeça decepada. E na cabeça os cornos. De longe ele passeava devagar com seu torso. Era um búfalo negro. Tão preto que à distancia a cara não tinha traços. Sobre o negror a alvura erguida dos cornos.
A mulher talvez fosse embora mas o silêncio era bom no cair da tarde.
E no silêncio do cercado, os passos vagarosos, a poeira seca sob os cascos secos. De longe, no seu calmo passeio, o búfalo negro olhou-a um instante. No instante seguinte, a mulher de novo viu apenas o duro músculo do corpo. Talvez não a tivesse olhado. Não podia saber, porque das trevas da cabeça ela só distinguia os contornos. Mas de novo ele pareceu tê-la visto ou sentido. A mulher aprumou um pouco a cabeça, recuou-a ligeiramente em desconfiança. Mantendo o corpo imóvel, a cabeça recuada, ela esperou.
E mais uma vez o búfalo pareceu notá-la.
Como se ela não tivesse suportado sentir o que sentira, desviou subitamente o rosto e olhou uma árvore. Seu coração não bateu no peito, o coração batia oco entre o estômago e os intestinos. O búfalo deu outra volta lenta. A poeira. A mulher apertou os dentes, o rosto todo doeu um pouco.
O búfalo com o torso preto. No entardecer luminoso era um corpo enegrecido de tranqüila raiva, a mulher suspirou devagar. Uma coisa branca espalhara-se dentro dela, branca como papel, fraca como papel, intensa como uma brancura. A morte zumbia nos seus ouvidos. Novos passos do búfalo trouxeram-na a si mesma e, em novo longo suspiro, ela voltou à tona. Não sabia onde estivera. Estava de pé, muito débil, emergida daquela coisa branca e remota onde estivera. E de onde olhou de novo o búfalo.
O búfalo agora maior. O búfalo negro. Ah, disse de repente com uma dor. O búfalo de costas para ela, imóvel. O rosto esbranquiçado da mulher não sabia como chamá-lo. Ah! disse provocando-o. Ah! disse ela. Seu rosto estava coberto de mortal brancura, o rosto subitamente emagrecido era de pureza e veneração. Ah! instigou-o com os dentes apertados. Mas de costas para ela, o búfalo inteiramente imóvel.
Apanhou uma pedra no chão e jogou para dentro do cercado. A imobilidade do torso, mais negra ainda se aquietou: a pedra rolou inútil.
Ah! disse sacudindo as barras. Aquela coisa branca se espalhava dentro dela, viscosa como uma saliva. O búfalo de costas.
Ah, disse. Mas dessa vez porque dentro dela escorria enfim um primeiro fio de sangue negro. O primeiro instante foi de dor. Como se para que escorresse este sangue se tivesse contraído o mundo. Ficou parada, ouvindo pingar como numa grota aquele primeiro óleo amargo, a fêmea desprezada. Sua força ainda estava presa entre barras, mas uma coisa incompreensível e quente, enfim incompreensível, acontecia, uma coisa como uma alegria sentida na boca. Então o búfalo voltou-se para ela.
O búfalo voltou-se, imobilizou-se, e à distância encarou-a.
Eu te amo, disse ela então com ódio para o homem cujo grande crime impunível era o de não querê-la. Eu te odeio, disse implorando amor ao búfalo.
Enfim provocado, o grande búfalo aproximou-se sem pressa.
Ele se aproximava, a poeira erguia-se. A mulher esperou de braços pendidos ao longo do casaco. Devagar ele se aproximava. Ela não recuou um só passo. Até que ele chegou às grades e ali parou. Lá estavam o búfalo e a mulher, frente à frente. Ela não olhou a cara, nem a boca, nem os cornos. Olhou seus olhos.
E os olhos do búfalo, os olhos olharam seus olhos. E uma palidez tão funda foi trocada que a mulher se entorpeceu dormente. De pé, em sono profundo. Olhos pequenos e vermelhos a olhavam. Os olhos do búfalo. A mulher tonteou surpreendida, lentamente meneava a cabeça. O búfalo calmo. Lentamente a mulher meneava a cabeça, espantada com o ódio com que o búfalo, tranqüilo de ódio, a olhava. Quase inocentada, meneando uma cabeça incrédula, a boca entreaberta. Inocente, curiosa, entrando cada vez mais fundo dentro daqueles olhos que sem pressa a fitavam, ingênua, num suspiro de sono, sem querer nem poder fugir, presa ao mútuo assassinato. Presa como se sua mão se tivesse grudado para sempre ao punhal que ela mesma cravara. Presa, enquanto escorregava enfeitiçada ao longo das grades. Em tão lenta vertigem que antes do corpo baquear macio a mulher viu o céu inteiro e um búfalo."

Permita-se proibir!



"Uma pessoa se torna especial a partir do momento em que você quer que ela seja. Não existe alguém tão perfeito ao ponto de ser insubstituível. Porém, são critérios que devem ser estabelecidos por nós. É dificil acreditar, mas somos sim responsáveis por nossos sentimentos. A decisão de amar, esquecer, odiar... sempre depende de nós. Quando amamos alguém, nos permitimos sentir isso. O problema é que devemos aprender a nos proibir. Em determinadas situações, até os sentimentos mais bonitos podem nos trazer sofrimento, e mesmo que pareça impossível, somos nós mesmos que devemos evitá-los. Permita-se proibir sentir o que te faz sofrer, mesmo que isso tenha lhe proporcionado felicidade anteriormente. Não existe possibilidade do passado influenciar de maneira positiva o presente, uma vez que, as pessoas mudam, os caminhos mudam, e principalmente, os sentimentos mudam...
Não existe fim, e sim um novo começo!"


Jamile Grimm