sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Fernando Pessoa

É fato que Fernando Pessoa é, na minha opinião, o cara mais incrível que a literatura já conheceu. Por simpatizar muito com seus poemas, teenho pesquisado, principalmente com meus professores, sobre os heterônimos dele. Fernando Pessoa escreve como si próprio e como mais três pessoas. Para cada uma ele atribuiu uma visão de mundo, uma história, uma maneira de escrever... Me baseando nisto, acabei chegando a uma conclusão:

Não somos somente nós mesmos. Somos várias pessoas dentro de apenas uma. E revelamos nossos outros lados em meio a situações que vivemos e ao momento atribuido a elas. Fernando Pessoa só simplesmente colocava no papel as suas outras vidas, o seu outro modo de ver o mundo, como se, de fato, ele acabasse se tornando uma outra pessoa... Magnífico não é?

Cada Coisa
[Ricardo Reis (Fernando Pessoa)]

Cada coisa a seu tempo tem seu tempo.

Não florescem no inverno os arvoredos,
Nem pela primavera
Têm branco frio os campos.

À noite, que entra, não pertence, Lídia,
O mesmo ardor que o dia nos pedia.

Com mais sossego amemos
A nossa incerta vida.

À lareira, cansados não da obra
Mas porque a hora é a hora dos cansaços,
Não puxemos a voz
Acima de um segredo,
E casuais, interrompidas, sejam
Nossas palavras de reminiscência
(Não para mais nos serve
A negra ida do Sol) —
Pouco a pouco o passado recordemos
E as histórias contadas no passado
Agora duas vezes
Histórias, que nos falem
Das flores que na nossa infância ida
Com outra consciência nós colhíamos
E sob uma outra espécie
De olhar lançado ao mundo.

E assim, Lídia, à lareira, como estando,
Deuses lares, ali na eternidade,
Como quem compõe roupas
O outrora compúnhamos
Nesse desassossego que o descanso
Nos traz às vidas quando só pensamos
Naquilo que já fomos,
E há só noite lá fora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário