quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Lápis, borracha. Caneta, vida!

"Não gosto tanto assim de escrever a caneta. Acredito que nossa relação não seja tão boa porque esta traduz toda insegurança que em mim existe. Entendam: quando escrevo a lápis, tenho o privilégio de poder apagar um erro ou simplesmente algo não me agrada. Já com a caneta, o que está escrito não se apaga, e mesmo que possa usar corretivos, a marca do erro será permanente. Assim também faço com a minha vida. Quando não estão disponíveis lápis e borrachas, simplesmente não escrevo. Não arrisco."
[Jamile Grimm]

• Como de costume, um poema interessante e eu acho que pode ser comparado a qualquer ser humano...

O Morcego

Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.

"Vou mandar levantar outra parede..."
- Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre a minha rede!

Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh’alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!

A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!

[Augusto dos Anjos]

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